Em entrevista para a Revista do Villa, conversei com Kênia Esteves sobre a minha trajetória como empreendedor social e os projetos em busca de contribuir com a melhoria da sociedade de Porto Seguro, cidade que me acolheu há mais de 20 anos e que criei raízes.
K.E.1: Luigi, percebo que você é um empresário de sucesso e apaixonado por PORTO SEGURO e toda a região que envolve o Extremo Sul da Bahia.
Conte-nos um pouco sobre esse seu “caso de amor”. Rsrs.
L.R.: Acredito que a palavra “sucesso” , seja muito relativa.
As vezes o associamos a grandeza que cada um tem em sua percepção desse movimento.
O Sucesso nos coloca fora da média e da realidade , e assim, somos isolados de uma sociedade.
O “preço “, é alto.
Críticas e Fake news existem, e precisamos muito tomar todo cuidado com o que falamos e fazemos.
Mas gosto da palavra “Empresário”, e muito mais de “Empreendedor”.
O “Empresário “, a meu ver, administra muito bem o conjunto empresarial.
Já o “Empreendedor”, é aquele que cria.
Sendo assim, um desbravador de todo o conceito.
Eu me tornei um Empresário, mas gosto mesmo é de Empreender.
K.E.2: São 17 anos de história do LA TORRE; um hotel referência que acaba de ganhar pelo 3 ano consecutivo, o selo GPTW; que significa GREAT PLACE to WORK.
Qual a logística de trabalho que você imprime no dia a dia do LA TORRE para essa conquista que possui um grau de exigência bastante criterioso?
L.R.: Sempre investimos em nossos colaboradores.
Aqui , no conceito LA TORRE não existe a palavra “funcionário “, e sim “colaborador”.
Criamos uma cultura empresarial e persistente.
Quando nosso colaborador é contratado, ele participa de uma palestra a qual chamamos de “home boarding”, onde ele é convidado a imergir no universo LA TORRE.
Após esse estágio, ele mesmo vai desenvolver o seu expertise e ações.
K.E.3: A propósito, a sua preocupação com o coletivo é notório em seu dia a dia.
Como você vem desenvolvendo esse olhar?
L.R. : Nosso modelo de ações é horizontalizado, de forma a ficarmos mais próximos um do outro.
Precisamos ter uma visão holística de nosso em torno.
Eu sigo a tendência do empreendedorismo social, mas não 100%.
Primeiro precisamos ganhar o nosso dinheiro, para que possamos investir nas reais necessidades dos que estão a nossa volta, repito.
Dessa forma podemos colaborar com uma mudança de realidade social.
Com essa atitude, você consegue pagar bons salários, qualificar colaboradores e gerar redistribuição de lucros.
K.E.4: Sua assinatura está em vários projetos que vão do esporte ao meio ambiente.
Entre eles a Meia Maratona , a qual inclusive participou e o Plogging Porto Seguro.
Você acredita que a evolução de nossa cidade está nesses reagias investimentos?
L.R.: Tenho uma divida com PORTO SEGURO.
Esse lugar me fez, e investir nele está sendo uma vivência muito positiva.
Acredito que se cada um cuidar de sua calçada por exemplo, teríamos ruas mais limpas.
Em Luxemburgo, é lei que atitude como essa seja tomada, inclusive no inverno.
Se alguém escorregar na neve que está acumulada na frente de sua casa, é multado.
Transportar a responsabilidade do cidadão, para “dentro de seu muro”, é fundamental.
A EDUCAÇÃO, deve partir de casa e das escolas.
“O que é comum; é de TODOS”!
K.E.5: E por falar em investimentos , conte-nos um pouco sobre a escola ALDEIA NOVOS GUERREIROS, localizada em PONTA GRANDE-PORTO SEGURO.
L.R.: Existem muitos bairros que ainda tem dificuldade de acesso à escola.
E a realidade da ALDEIA dos NOVOS GUERREIROS , é que esta contem 500 famílias e 70 crianças.
Enxergar essa aldeia como um bairro que precisa de infra estrutura, é o conceito maior.
A ideia de construção dessa escolinha, onde o foco são as crianças com faixa etária até 10 anos, é que ela seja pública e tenha em seu quadro de colaboradores, professores concursados.
Fundamental é investir em EDUCAÇÃO, já que existem recursos para que estes investimentos sejam realizados.
K.E.6: Seu programa “Giro pela Cidade”, é um veículo de comunicação com os moradores de PORTO SEGURO e adjacências.
Qual o seu olhar sobre essa “voz” que você criou?
L.R.: O “Giro pela Cidade” foi uma ideia sensacional de minha assessora GABRIELA.
Estar próximo ao público para saber de suas carências , é ponto pacífico para que possamos ser mais objetivos em nossas questões.
Como por exemplo, a questão cultural.
Não há como criar um hábito de uma pessoa ir ao teatro, se ela nunca assistiu a uma peça.
O governo do estado tinha há algum tempo um projeto, onde traziam peças teatro para todo Extremo Sul da Bahia.
Mas este não se desenvolveu , pois gerava um custo maior para os necessitados.
Ganchos com participações municipais, estaduais e federais são super importantes para que esses investimentos sejam gratuitos.
K.E. 7: Claro que nesse “Giro pela a Cidade” , você constatou algumas carências.
Qual a de maior relevância nesse momento?
L.R.: As pessoas tem nos chamado para relatarem suas carências; e nesse movimento, eu considero a de maior destaque, a situação das barracas da Orla, que exige uma adequação de todos os órgãos.
Mesmo com a necessidade de PORTO SEGURO ter uma vida “na praia”, não apoio os grandes complexos na areia.
Meu apoio , é para que estruturas sejam construídas com o devido respeito ao meio ambiente e esgoto.
É preciso investir na infraestrutura, para que a cidade evolua.
Estradas , por exemplo, para que as vans que vão buscar as crianças para estudar, em bairros distantes , possam não quebrar no meio do caminho e gere ainda mais prejuízo.
K.E.8: E por falar em carências, você a pouco tempo promoveu uma ação junto aos ribeirinhos que tiveram suas casas alagadas pelas águas do RIO BURANHÉM, nas últimas cheias.
Você tem alguma sugestão para que essas pessoas sejam integradas a um TURISMO FLUVIAL, por exemplo?
L.R.: Volto a falar que o paradoxal é o problema da infraestrutura.
Os restaurantes a beira do RIO BURANHÉM continuam a existir, porém sem o fluxo do passado.
O TURISMO FLUVIAL é igualmente necessário e perfeito para a nossa região, mas atualmente, por causa do assoreamento do rio e falta de investimentos adequados; as grandes embarcações não conseguem mais subi-lo.
Conclusão; as famílias moradoras do local, perderam de forma significativa parte de suas respectivas rendas.
K.E. 9: Luigi, desde que a pandemia começou, passamos por um momento de instabilidade emocional muito significativa chamada BURNOUT.
Como você tem administrado essa questão e como você enxerga essa situação na família, no social e no profissional?
L.R.: A SAÚDE MENTAL de todos que fazem parte da família LA TORRE sempre foi uma preocupação.
A pandemia só fez potencializar ainda mais esse nosso cuidado.
Criei um projeto chamado SUSTENTABILIDADE EMOCIONAL.
Este se resume em receber 1 vez por semana , aqui no LA TORRE, o psicólogo dr. CÁSSIO PORTUGAL.
Nesse dia, nossos colaboradores, em seus respectivos horários de trabalho, podem agendar uma consulta com este profissional que vem a desenvolver uma proposta chamada PSICOLOGA POSITIVA.
Em nosso caso, não é o BURNOUT o nosso maior problema, pois sabemos que esse é uma peculiaridade das grandes cidades.
Aqui, a questão é a violência doméstica , e envolvimento com drogas e bebidas por exemplo.
No complexo LA TORRE, respeitamos e entendemos que o horário livre dos nossos colaboradores é primordial para seu bem estar.
Estamos atentos a tudo, inclusive se esse colaborador passa de 15 minutos de seu horário de saída.
K.E. 10: Para encerrarmos, qual a sua melhor dica para moradores e turistas de nosso amado PORTO SEGURO?
L.R. Para o morador , eu sugiro que abracem ainda mais a cidade que escolheram para morar , trabalhar e constituir família.
Não há lugar no mundo, como PORTO SEGURO.
Fazer parte dessa energia e retribuir com suas atitudes a qualidade de vida que a cidade lhe convidar a ter.
Já para o turista, sugiro que saiam do óbvio.
Sigam os percursos dos moradores.
Viva a cidade da forma mais natural possível.
Mas com a devida responsabilidade e respeito, para que esta seja sempre o seu PORTO SEGURO.
Assim, concluo a minha entrevista com LUIGI ROTUNNO a REVISTA do VILLA, e o parabenizo por ser essa pessoa inebriado da mais pura…ESSÊNCIA.
Conte sempre conosco.