É difícil entender o relacionamento entre resorts e investidores. Será que esses namoros vão levar a casamentos? Por enquanto estamos assistindo mais a uma série de namoros complicados de ‘entra e sai de relacionamento’. Uma paixão que nem sempre dá certo.
Quando pensamos em empreendimento imobiliários a presença de investidores é quase sempre automática no pensamento das pessoas, mas quando falamos de empresas de turismo notamos que, muitas delas são familiares. Na realidade é assim desde o início da história da hotelaria.
A hotelaria está diretamente ligada ao conceito de hospitalidade, a “arte do bem receber”, implantada neste século por César Ritz. Unicamente a partir de 1949 o turismo é democratizado, deixando de ser objeto de luxo e passando a ocorrer em grandes escalas. Surge a hotelaria americana com hotéis mais funcionais e o turismo finalmente é visto como uma atividade econômica.
Grandes nomes da hotelaria brasileira como Copacabana Palace ou Hotel Glória no Rio de Janeiro deixaram de serem hotéis de família há pouco anos, resistindo ao longo do tempo e trocando de geração em geração a sua gestão. O problema das gestões familiares é que, elas se tornam conservadoras, às vezes resistentes a novas tecnologias, vivendo no glamour do passado. Outro problema é a falta de planejamento para sucessão, é frequente ver fundadores não pensarem nesta fase com devida antecedência.
A fase de transição da hotelaria familiar à hotelaria de investidores e a substituição da paixão pela hospitalidade à devoção pelos números das metas. Mostra que é preciso de muita capacidade organizacional para conseguir manter essas duas virtudes. No Brasil, a visão de hotel corporativo está muito mais avançada para os investidores que a hotelaria de lazer e de resorts, os números falam por si mesmos: conforme o FOHB (Federação de Operadoras Hoteleiros do Brasil), as 28 redes associadas administram mais de 180 hotéis; ABR (Associação Brasileira de Resorts) conta 42 associados e 51 resorts. A multiplicação dos resorts conforme um modelo para investidores é, de fato, um mercado ainda muito pouco explorado no Brasil.
Qual é o freio a essa expansão de resorts para os investidores? Certamente, a implementação de um resort é mais complicada e onerosa do que de um hotel corporativo, mas em conversas com investidores apareceu de forma muito clara a dificuldade de calcular o ROI (Retorno Sobre o Investimento) e existem, na realidade, poucos estudos financeiros que comprovam e geram confiança para investimento no segmento de resorts. Este é, com certeza, um segmento em expansão!